[Mundo Real]O ministro da Justiça está errado sobre os games violêntos

A mesma falácia da violência nos games. Estava no meu habitual surf de links (sim, sou dos anos 90) randômicos na internet, quando me deparo com uma matéria da BBC replicando os comentários do senhor Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, ditos na sede da Organização dos Estados Americanos, sob o tema da redução da violência e do Pacto Nacional contra homicídios que o governo federal deverá lançar em breve. Por não concordar com tais afirmações, quero destacá-las aqui e formar um contraponto. O link da matéria está em: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160114_entrevista_cardozo_jf_cc?ocid

"A violência é hoje cultivada e aplaudida, seja em esportes ou jogos de crianças pequenas"
Infelizmente, eu sei onde o senhor quer chegar com essa frase: São crianças de 5, 6, 7 anos de idade jogando GTA, Assasin's Creed e tantos outros jogos violentos, vendo nos personagens desses jogos seus ídolos e heróis e formando seus caracteres (plural de caráter, tive que pesquisar) a partir deles. Também infelizmente, o senhor está errado. Existe um mecanismo que serve de proteção ao consumidor chamado Sistema de Classificação de Conteúdo e que permite que o consumidor saiba qual o teor do conteúdo que virá a consumir. Inclusive no Brasil. Coincidentemente, o sistema chama-se DeJus. Coincidentemente, o responsável pela organização desse sistema é o Departamento de Justiça do Brasil. Coincidentemente, o senhor é o Ministro da Justiça. Se um responsável permite que seus protegidos tenham acesso ao conteúdo inapropriado, passa ele a ser o grande irresponsável e não o game violento. Não o esporte violento. Não o filme do policial super-herói que é truculento, bebe Whisky e bate na mulher. Aliás, mesmo que o argumento do jogo violento = usuário violento fosse válido, tenho plena certeza de que influenciaria um percentual de jovens muito menor do que, por exemplo, os que vivem a realidade do tráfico de drogas no quintal de casa, vendo como um mandante de boca de fumo acaba cercado de patrimônio, poder e luxúria, num relativo curto espaço de tempo e sem um aparente esforço. De fato, o que me preocupa é que o senhor sabe de tudo isso. Mesmo assim eu afirmo: jogos de crianças pequenas NÃO contém violência. Reitero: jogos de crianças pequenas.

"Outro dia ouvi um especialista dizer que nunca viu um game em que o vencedor é quem salva vidas, pois o vencedor é sempre quem mata."
Sim, tem o especialista, a psicóloga, o psiquiatra, o doutor em "babacologia" e muitos outros personagens sem rosto que servem para dar credibilidade pseudocientífica aos absurdos que são ditos. Essa é uma das grandes táticas das grandes emissoras de TV que fazem matérias criticando os games (sempre tem aquela linha "conversamos com a especialista tal..."). Aqui eu vejo dois problemas: o primeiro é que o senhor não quer tomar partido, então "joga" essa opinião para o especialista e simplesmente o parafraseia. O segundo é que esse especialista não conhece Tetris. Não jogou FIFA. Não sabe o que é Pinball. Não tem ideia que o grande lance dos jogos atualmente não é ser mal pura e simplesmente, mas ter escolhas entre certo ou errado para que os personagens pareçam mais humanos. Mas como é um especialista, portando uma autoridade na sociedade brasileira (que cá entre nós, sempre se curva a quem dá carteirada de "sou alguma coisa importante"), cabe a mim refletir e entender que como eu não matei ninguém no Mario Kart Wii, posso jogar a minha carteira de 3 estrelas 100% no lixo.

"Essa cultura da exaltação da violência se projeta e acaba banalizando a violência, disseminando uma realidade perversa em que seres humanos podem aniquilar, ferir os outros em atos que são socialmente reprovados"
Concordo, a violência está banalizada no Brasil. A realidade é perversa e o mundo é cão. Mas, por favor, não jogue tudo na conta dos videogames. Nem dos esportes, nem dos filmes, nem da música e nem de nada que não seja conveniente para o discurso político, mesmo que seja uma jornalista que acredita que "é até aceitável" que se amarre uma criança infratora no poste e a encham de bicuda. Eu tenho o senso crítico suficiente para saber que o senhor não foi ao encontro só para protestar contra os videogames e também sei que a matéria oculta mais informações sobre seu discurso. Agora, o senhor sabe que o problema não são os videogames. O senhor sabe que, para se reduzir os homicídios, temos que combater e desmantelar organizações criminosas, aplicar com vigor as leis vigentes (inclusive o Estatuto do Desarmamento, que foi derrubado no plebiscito de 2005, mas que mesmo assim, sabe-se lá como, entrou em vigor) e controlar as mortes no trânsito, que provavelmente já ultrapassam as mortes dos campos de trabalhos forçados de Stálin. O senhor também sabe que a redução dos homicídios passa pelos fatores já batidos da escolarização de qualidade para a população, das melhores condições de trabalho para policiais e bombeiros e da coibição da corrupção dos governante. Só que isso é mais difícil de fazer do que simplesmente jogar a bomba de fumaça da violência dos games.

Tópico maravilhoso, expõe com categoria a real situação da violência no Brasil e a hipocrisia do Sr. Ministro ao fazer tais declarações contra os games. O buraco é muito mais embaixo, há mil fatores que contribuem para a violência, mas em vez de procurar uma solução pra eles, é mais fácil usar jogos eletrônicos como bode espirratório.

Inf, me passa umas manhas de como tu faz pra "surfar em links". Eu gostaria de usar menos o Facebook, mas acabei me acomodando e hoje tudo que leio de notícias e curiosidades é o material que as páginas que sigo postam e aparece na minha timeline. Eu gostaria de fazer uma leitura melhor e mais ampla, sem a ajuda da rede social.

Eu sou um radical dos tempos modernos, não uso Facebook já pra me desviar do senso comum, da síndrome do Fla-Flu e normalmente evito ler comentários de qualquer site, porque estes tendem a ser um festival de bobagens. O lance é ter a mente aberta, procurar por conteúdos bem escritos e sites que priorizam conteúdo sobre a forma. O Olhar Digital, por exemplo, é um site tosquérrimo, mas sempre tem um bom conteúdo sobre tecnologia. Cabe ao leitor procurar a fonte de acordo com o interesse. Também é legal estar antenado no que rola no resto do mundo.

Certo! E nada de ver só G1 ou só Terra ou só Yahoo, no caso das notícias do dia. A mesma coisa pode ser expressada de maneiras diferentes e ter sentidos diferentes de acordo com a bandeira do site que escreve. (E sinceramente gente, os textos do G1 são uma bosta, formalidade ao extremo que usa 3 linhas pra dizer "o cara deu um tiro", pelo amor, haja saco, a mesma notícia que tem três parágrafos no resto da internet, no G1 é uma bíblia).

Eu era bem radical assim há uns 8 anos atrás, mais ou menos na época em que comecei a usar a internet. A rede social do momento era o Orkut, todo mundo tinha e eu insistia e não criar um. Minha leitura e "link surfing" era ótima, encontrava tudo que eu queria, em textos bons, sucintos e bem explicativos. Muitos dos meus sites favoritos, como o Power Sonic, eu conheci nessa época. Aí me rendi às redes sociais e fui gradativamente reduzindo essa busca por conhecimento, que é uma das maravilhas que a internet nos proporciona. E me assusto em ver como hoje sou dependente do Facebook e me sinto quase incapaz de procurar por certo assunto no Google além da terceira página de resultados. Tem que rever isso aí.

Sendo bem sincero, se você quer cultura de qualidade, fique longe de Facebook e Youtube. Use esses meios pra lazer e não muito mais. O bom mesmo é ler livro, mesmo que seja pdf scan baixado do torrent. E viver fora da internet também é bem da hora XD

Código:

https://twitter.com/TonhoDrinks/status/688390305293438977

Willi escreveu:Aí me rendi às redes sociais e fui gradativamente reduzindo essa busca por conhecimento, que é uma das maravilhas que a internet nos proporciona. E me assusto em ver como hoje sou dependente do Facebook e me sinto quase incapaz de procurar por certo assunto no Google além da terceira página de resultados. Tem que rever isso aí.

É fácil rever isso aí: basta evita entrar nesse FB, e afins, nem que precise bloquear a URL no navegador ou pelo rooter, e em qualquer lugar.

A abstinência geralmente some com esses vícios, dependência, depois de duas semanas.

Verdade. Na uma semana em que fiquei viajando e usei somente WhatsApp, a coisa foi linda. Nem fez falta. Aí voltei pra casa, voltei a acessar, e voltou tudo à estaca zero.

Não precisa também parar, é só usar com moderação.

Pra mim o problema das redes sociais é que há um grande número de usuários, porém pouquíssimo conteúdo útil.

Eu não uso Facebook, porém, no Twitter a situação é sempre a mesma: Pegue qualquer assunto que esteja entre os "mais comentados" e clique. A maioria das postagens são pessoas criando memes (sem graça) com a situação, tentando fazer um comentário engraçado pra chamar a atenção, ou jogando fotos aleatórias de seu ídolo teen favorito fazendo careta com a legenda "Eu quando vi isso nos TTs".

Pelo pouco que vi do Facebook, esse tipo de spam também ocorre, porém é um pouco diferente... E tem a ver com imagens com mais de 1000px de largura só pra dizer "Bom Dia".