Estamos diante de um novo crash dos videogames?

Se tem um sentimento verdadeiro sobre videogames que posso compartilhar com vocês é: eu não me sinto seguro em investir em hardware novo.

Não apenas porque tá tudo custando os olhos da cara (sejam consoles, sejam peças de PC). Mas francamente, esse hardware todo vai servir para jogar o que? Quais jogos hoje fazem valer a pena um investimento tão alto?

A oferta de jogos me parece bem fraca nesses últimos anos. Muito se fala em ray tracing, loadings instantâneos, 4K... mas na minha opinião, esses recursos são inúteis se aplicados a jogos que não são divertidos. Não são esses critérios técnicos que farão um jogo "ok" se tornar "ótimo".

No caso dos games ofertados, tanto AAA quanto indies parecem estar jogando na "safe zone", com ideias que sabem ser lucro certo. Muito pouco - ou nada - se arrisca em conceitos novos. Não se experimenta mais. Vejam que os AAA de mundo aberto são todos a mesma coisa, com skin e história diferentes. E no caso dos indies, sinceramente está um saco essa epidemia de metroidvania em pixel art.

Sem falar nas pragas de DLC, lootboxes e afins, que estão pegando com força até os jogos single player. Vingadores com certeza seria outro jogo se tivesse saído na geração do PS3. Sonic Origins, em sua versão mais completa (e mais cara), não é metade do que Sonic Mega Collection Plus foi no passado. Mortal Kombat 11 tem uma Krypta que, se totalmente completada, libera apenas 20% do conteúdo do jogo, sendo necessário um farm absurdo para desbloquear o restante, tal como em jogos de celular. E eu nem vou falar do que fizeram em Gran Turismo 7.

Eu me imagino juntando com muito esforço a grana pra um PS5, e quando o console finalmente estiver na minha estante, eu perceber que os jogos são exatamente a mesma coisa que eu já jogava antes. Vou sentir tédio, bocejar, desligar o console e refletir sobre as tantas coisas que eu poderia ter feito com aquele dinheiro, que agora virou um elefante branco na sala.

Diante desse cenário, me parece mais seguro jogar o que o meu hardware consegue rodar hoje em dia, e valeu. Parar por aí. Só trocar se estragar. E caso zere a biblioteca, olhar pra trás e procurar tesouros nos emuladores da vida. Não vejo motivo para um PS5 ou uma RTX hoje, porque não tem jogo que justifique os altos valores que eles custam.

Mas e vocês, qual sua opinião? Acham que essa geração ainda está muito no começo para ser "julgada"? Acham que tá cheio de jogo bom por aí que fica de fora dos holofotes? Ou concordam que atravessamos um período de baixíssima criatividade e muita monotonia nos títulos lançados? Comentem aí.

Eu não diria um novo "crash" porque quando isso aconteceu nos anos 80, o pessoal estava perdendo interesse nos games, e eles não vendiam mais. Eu acompanho o fórum do VG Chartz, e pelo que vejo, tá todo mundo desesperado pra conseguir um console de nova geração. Também tem o Switch que está batendo recordes, por exemplo.

Me parece que você está passando pela mesma situação que eu estava antes de jogar Alan Wake. Eu tinha acabado de fazer um upgrade no meu PC, e não encontrava nenhum jogo que me animava. Cheguei seriamente a pensar em desistir de games em geral. Até que testei o Alan Wake, adorei, e isso me deu até empolgação para testar outros títulos que anteriormente não tinha dado atenção.

Em outras palavras, tente encontrar um game que te faça perder horas na frente do PS4. Eu tenho certeza que você vai encontrar. Eu por exemplo estou testando vários títulos de PC no momento, e estou tentando revisitar aqueles que não dei muita atenção. Fazer isso sempre me ajuda a ver os jogos com outros olhos e até dar uma nova chance a eles. Eu fiz isso com o Dead Space, que não tinha gostado no começo, mas na segunda jogatina virou uma das minhas franquias favoritas.

Quanto a essa questão dos jogos mundo aberto serem todos iguais, eu concordo. E acho que a mesma coisa se aplica aos games no estilo "Souls". Parece que todo título, principalmente Indie, quer se tornar um "Souls-Like". E o pior é que o pessoal idolatra esse estilo, então pra eles é sempre benefício.

Mas em relação a perder o interesse em jogos da nova geração, isso não está acontecendo comigo. Eu estou bem ansioso para Alan Wake 2, Sonic Frontiers, Pragmata, Dead Space Remake, The Callisto Protocol, entre outros. Não sei quando vou poder jogá-los, mas vão ficar na minha lista de espera.

Enfim, eu sugiro que agora que você tem um PS4, pegue aqueles títulos que você queria jogar anteriormente mas não podia, como o Remake do Ratchet & Clank, o novo God of War, enfim. Eu tenho certeza que você vai encontrar jogos que vão te ajudar a tirar parte desse pensamento da cabeça.

Obrigado pelo incentivo, Ale! Talvez seja isso que eu esteja sentindo mesmo.

O remake do Ratchet e o God of War eu já finalizei, foram experiências muito divertidas. São dois jogos que irei revisitar em algum momento por pura diversão.

O último game que me prendeu por horas foi Miles Morales. Joguei no natal passado e foi demais. Desde lá, rejoguei Tomb Raider 2013, Rise of the Tomb Raider, Horizon Zero Dawn, Team Sonic Racing, Wonder Boy and the Dragon's Trap, brinquei nos emuladores esses dias e agora falta pouquinho para encerrar Watch Dogs 2. Com exceção do Wonder Boy, nenhum dessa turma me cativou de verdade.

Por coincidência, já caí nuns três vídeos do YouTube, de diferentes canais, de pessoas falando sobre como perderam o interesse em jogar. Curioso o algoritmo me empurrar isso.

E por isso esse dado do VG Chartz que você traz é interessante.

Acho que preciso encontrar outro nicho do qual eu goste, e procurar bons jogos ali. Talvez eu encontre essa experiência que você menciona.

É sempre um prazer ler os seus textos e dar a minha opinião, Willi.

Como eu disse, eu acho que você está passando por um momento semelhante ao que eu tive em 2012, quando eu achava que nenhum jogo atual ia mais me surpreender. Mas quando encontrei um que me deixou encantado, esse sentimento passou.

Você disse que o Miles Morales te prendeu por horas, é por aí que a coisa funciona. É questão de saber o que você quer jogar, e ir atrás de títulos semelhantes. Eu assisti a The Game Awards no ano passado, e gostei da maioria dos trailers, mas confesso que pra jogar mesmo é o Alan Wake II, o Sonic Frontiers, e o novo jogo da Telltale, cujo nome me fugiu agora. É que são experiências Single Player, que é o que eu curto mais.

É verdade que o mercado de jogos atual está nos bombardeando com jogos incompletos, DLCs exageradas, foco em online, e conteúdo que exige pagamento, mas sempre tem aqueles títulos que gamers como nós ficam esperando ansiosamente.

Espero que dê pra aproveitar alguma coisa que eu estou falando. 

Aproveito sim, com certeza!

No meu caso, estou buscando boas histórias, sem enrolação. Que é o que o Miles trouxe. Talvez buscar mais jogos focados em história, ou com a história elogiada.

Os Tomb Raider eu já conhecia, então meio que "joguei atropelando", embora não tenha pulado cutscenes. O Watch Dogs 2 me decepcionou um pouco, e confesso que pulei a maioria das cutscenes; achei a história, os personagens e os diálogos muito forçados. Horizon fui gostar mesmo quando estava quase zerando (que foi o momento em que a história do jogo teve um plot twist pesado e ficou boa).

E o Wonder Boy me diz para procurar mais semi-RPGs em 2D.

É, já me ajudou a achar uma luz, hahaha!

Mas, voltando à pergunta do tópico, eu não acho que estejamos diante de outro crash, pois para isso seria necessário uma perda de interesse em jogos pela maior parte da população.

Hoje em dia, o mercado dos games está mais vivo do que nunca. Eu vou dar um exemplo, muitos trailers de jogos que ainda estão para serem lançados, como Final Fantasy XVI, Senua's Saga: Hellblade II, Starfield, e Xenoblade Chronicles 3 já somam milhões de visualizações, e estão gerando expectativas bem altas por fãs de todos os consoles.

Eu sou capaz de dizer que os consoles da geração atual só não venderam mais por causa da escassez de chips, que está limitando os estoques de eletrônicos no mundo.

Verdade. Nós que somos gamers velhos podemos estar ficando mais chatos/exigentes, mas muita gente que está começando agora, ou que foi introduzido aos games numa época em que DLCs (por exemplo) já era algo normal... vai continuar consumindo e movimentando a maior fatia da indústria.