Minha resposta quanto à declaração do Presidente Lula sobre jogos e violência

Recentemente, tivemos a terrível onda de massacres em escolas do Brasil. Jovens entram armados e atacam alunos e profissionais, deixando a população desesperada e com medo de mandar seus filhos para as instituições de ensino. O Presidente Lula precisou honrar seu papel e falar sobre o que ele pensa que está causando tudo isso. A declaração (que pra mim já era esperada) foi a seguinte:



Muito bem. Devo começar esse texto dizendo que não votei no Lula. Mas como ele venceu as eleições, tenho que aceitá-lo como presidente. Portanto, não vou fazer essa postagem com a intenção de denegrir a imagem dele, ou fazer campanha contra. Só estou falando o que veio na minha cabeça ao ver esse vídeo.

Primeiramente, eu sei que é fácil culpar os videogames por atos violentos, porém não há nenhum estudo que comprove que os jogos por si só deixam as pessoas agressivas.  Eu imagino que você deve estar pensando: "Prove!". Tá bom, tem um estudo de Oxford que revelou que adolescentes que jogam videogames regularmente não são mais influenciados a matar do que aqueles que não jogam.

Link para a reportagem

Uma pessoa que não tem a capacidade de usufruir de um game, ou até um filme, ou pasmem, um livro, pode sim influenciar alguém a cometer atos violentos assumindo que ele não tem condições de fazer um julgamento sobre o que é real e o que é fantasia. Porém, qual o critério para dizer que justamente o videogame é o culpado? Além do mais, existe uma coisa chamada classificação indicativa que mostra se a pessoa tem maturidade para consumir o material. E isso existe já fazem décadas.



Nos Estados Unidos temos a ESRB que mostra para qual faixa etária o jogo é destinado. Na Europa temos a PEGI. Outros países como Austrália e Brasil também tem seus órgãos que fazem a classificação. Está presente na página dos games na Steam por exemplo.

Agora, vejam as matérias a seguir:

Atirador de massacre no Texas sofria bullying por gaguejar e atirou na avó antes do ataque - OPovo

Bullying motivou 87% de ataques em escolas, diz estudo dos EUA - G1

Essas duas reportagens deixam claro que os massacres foram cometidos por jovens que eram vítimas de bullying escolar. Nenhuma delas citou videogames como responsáveis. Ou melhor, sequer citaram games. Agora eu pergunto: Ok, vocês acham que os videogames são os grandes vilões da história. E o que exatamente vocês estão fazendo para lidar com bullying além de mostrar vídeos educacionais bonitinhos durante as aulas? Sei lá, acho que não está funcionando...

Isso nos leva ao próximo ponto que eu acho que vale à pena destacar: "Videogames matam mais que a Segunda Guerra Mundial".



O gráfico acima não é o melhor, mas acho que ilustra o que vou dizer: Eu estudei História por vários anos no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, e sei que essa fala foi completamente sem sentido. O número de mortos no evento foi o seguinte:

Nações Unidas Brasil escreveu:No total, cerca de 40 milhões de civis perderam a vida no conflito, que durou de 1939 a 1945. Cerca de 20 milhões de soldados, quase metade deles russos, também perderam a vida

Fonte: Nações Unidas Brasil (link)

Então, o Presidente disse que os videogames já mataram mais de 60 milhões de pessoas. Eu acho que não precisa ser nenhum tipo de matemático pra ver que essa conta não tem lógica nenhuma, e muito provavelmente é uma estatística que ele mesmo criou na hora. Fazer isso no dia-a-dia é até comum. Mas como líder de uma nação, não é correto, na minha opinião.

Eu também queria destacar a frase "Não existe game falando de amor e educação".

Meu querido Presidente... Eu não sei que tipo de videogame você anda jogando, mas quase sempre os jogos falam de amor. Eu poderia citar um dos meus favoritos, Alan Wake. Isso porque foi o primeiro que lembrei.



Em Alan Wake, o protagonista que dá nome ao jogo parte em uma missão onde precisa derrotar as forças da escuridão para salvar a sua esposa. No meio do caminho, ele deixa de ser uma pessoa que faz tudo sozinho e percebe que precisa de amigos ao redor para alcançar seus objetivos. Sim, é um jogo com armas. Sim, fala sobre amor.

E mais uma coisa que chamou minha atenção na escola onde eu trabalho, é que as crianças estão usando jogos eletrônicos educativos durante as aulas para aprenderem números, palavras, ou só se divertirem. Então, se você quer saber onde encontrar jogos que são bons para crianças, sugiro a escola. Ou pode só clicar nesse link, ele já diz muito.

Se você concorda com o Presidente, pode argumentar que isso que eu mostrei não é videogame. Sim, é. Videogame não precisa vir de um console instalado numa TV. Até seu celular tem games. Quando se fala em "videogames fazem mal", você está se referindo à todo e quaisquer jogos eletrônicos, independente de onde vieram. Ele mesmo cita tablets, e não consoles.

Para finalizar, um pequeno Extra: Os jogos eletrônicos hoje em dia são um dos mercados que mais crescem no mundo todo, inclusive no Brasil. Eles geram muitos empregos, como programadores, dubladores, atores e atrizes, desenhistas, roteiristas, enfim. Quando você generaliza e chama de "essas porcarias", você está simplesmente menosprezando o emprego de milhões de pessoas de bem.

Eu sugiro um pouco mais de estudo sobre o assunto, antes de usar esse tipo de argumento para um assunto tão sério quanto a violência que está atingindo as escolas e matando inocentes. Eu poderia detectar vários erros já nos primeiros meses de seu mandato, mas não farei isso, porque estou aqui para defender a comunidade gamer, e não como analista político.

Sem mais.