[Derrubando o muro]Funk Carioca

Primeiramente quero dizer que o mês pra mim acaba no dia 26 XD


- História:

Basicamente, só nos anos 80 é que boa parte da população brasileira percebeu que as favelas haviam tomado forma. No maior fuckitupstyle, as comunidades se organizaram de tal forma que praticamente formaram-se cidades dentro de cidades, o que passou não só a gerar a própria renda, mas também a própria cultura. Nos governos FHC e Lula, a então denominada classe C (principal fatia da população que habitava as favelas) passou a ter mais poder aquisitivo e, consequentemente, passou a ter maior demanda de produtos e serviços. Não só em quantidade, mas também em qualidade. Contudo, entre vielas e lajes, ainda escondia-se o mal que assola à todas as favelas: a criminalidade. Principalmente em sua forma de tráfico de drogas, por mais que as ações de impedir isso tenham ocorrido, nunca houve de fato uma solução, visto que a demanda por esse tipo de produto é infinita. Surge, dentro da favela-cidade, uma população sem rosto, oprimida e que sabe que se falar de um traficante para uma repórter de TV, não voltará para casa. Obviamente que, como reação natural às situações, alguns movimentos culturais tornam à vida, na forma de relatos, protestos ou simplesmente "dançar e esquecer da vida". Primeiramente na forma de rap e de hip-hop, provenientes das influências gringas. Mas tarde, os bailes funk tomam as noites das favelas como uma alternativa de diversão aos jovens que, por serem pobres, não poderiam frequentar festas na cidade-baixa. Com os DJ distorcendo raps e hip-hops, e impondo seus estilos nas músicas, além de releituras, o funk vai surgindo e assumindo seu ritmo característico e aliado à adição de MC (Mestres de Cerimônia, que cantam, dançam e compõem) e de dançarinas, a música chega ao ponto que a encontramos hoje. Além, claro, da comercialização desse estilo.

- O que eu quero é ser feliz

Como as músicas e estilos predecessores eram carregadas de protesto e falas, os "primeiros funks" falavam, primordialmente dos problemas sociais, econômicos e políticos em que vivam as pessoas das comunidades. Jovens falavam o que viam nas ruas: armas, drogas e prostituição. Tudo bem, isso não tem só na favela, porém na favela, isso se tem no quintal de casa. E nem sempre eram "politicamente corretos" em suas colocações, vide as inúmeras músicas que fazem ilusão aos tais crimes, muitas vezes do ponto de vista do criminoso. Mais real que isso, impossível. O que aconteceu é que, oprimidos, os moradores extrapolaram para o lado da música. O que servia como protesto, também servia como incentivo e a contra-música (ou seja, a de alusão ao tráfico, à violência e também a erotizada) ganha força no cenário. Os bailes funks continuam rolando.

- Rainha do funk

A música erotizada faz-se muito presente, principalmente em bailes funk. Conteúdos pesados sobre a sexualidade são divulgados, contendo muitas gírias e palavras de baixo calão, aliada à uma filosofia de identificação, principalmente da mulher, como um objeto, ou uma parte do corpo, ou como um animal ou até mais recentemente, uma fruta. Como sexo vende, as grandes produtoras incentivaram o crescimento dessa área da música, visto não só tocavam nas periferias, mas também invadiram rádios e TV (vide a inúmera quantidades de vezes que você vê funkeiros no Programa do Gugu, Faustão e Caldeirão do Hulk, só para citar alguns). Como na música você deve-se reinventar toda hora, acontece algo curioso: de forma bem simples, falar de putaria não é mais o suficiente! Com esse "mercado" saturado, começam a surgir o Melody Funk, uma música que, principalmente, não trata a mulher como qualquer coisa. Com a batida mais suavizada, adicionado um pouco mais de melodia à música, ao invés do batidão direto, isso sem falar no conteúdo mais romântico dado às músicas, inventa-se um novo funk. Representantes como Claudinho e Bochecha e MC Léozinho emplacam sucessos e conquistam o povo, muito além das fronteiras das cidadelas, conquistam o Brasil. O Melody Funk toma forma e continua (beirando o pop), mas muitas vezes misturado com o funk sexualizado.

- A volta dos que não foram

Com o estouro do Melody, o funk "sujo" volta a ser raridade. Com a premissa de cantarem a realidade de suas vidas, Tati Quebra Barraco e mais posteriormente Valesca Popozuda (seguidas de vários outros artistas) voltam com os palavrões e gírias característicos, sexualização, batidão, enfim, tudo que já havia anteriormente, mas com uma diferença: agora eram, predominantemente, mulheres falando de mulheres. Apesar de não haver diferença no conteúdo, havia diferença em que falava. E isso, numa sociedade preconceituosa, conservadora e corrupta, faz muita diferença. Ahh o funk a essas já era ritmo nacional, extra-favela e por isso eu incluo a sociedade brasileira no contexto. Esses quesitos compõem a situação atual do funk hoje, aliados à mais um fator de peso, citado a seguir.

- O peso da Internet

O estilo citado acima é, pelo que pude constatar, muito comercial. E o que acontece com o Rock, acontece com o funk. Começam a surgir alternativas ao que a mídia tem para oferecer e, com a ascensão da nova classe média, a chegada da internet é iminente nas favelas. E, ainda como não fosse suficiente, a filosofia DIY (Do it yourself - faça você mesmo) presente no funk desde menino (vide primeiro parágrafo) faz com que os moradores da comunidade gerem e divulguem seu próprio conteúdo online, o que cria um cenário underground na própria favela em que surgiu o estilo comercial. Entre no Youtube e você verá várias produções, das mais variadas qualidades que compõem o cenário musical.

- É som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado

Para refletir: O quanto o funk está agregado à sociedade? Vamos puxar pra algo da sua realidade: Quando você vai à uma festa de 15 anos de uma menina, não importa a classe social (não importa MESMO), qual é o tipo de música que embala a noite toda? E já parou pra pensar que 99% das vezes é o único tipo de música NACIONAL que toca na festa? Chamo isso de Paradoxo 15.

- Opinião do autor:

Realmente, eu ouvi muita coisa esse mês. E na boa, em boa parte das músicas eu não consegui me identificar, acho que por não viver essa realidade. Contudo, funk é hoje uma realidade do jovem brasileiro (visto que agora tem até funk de playboy) talvez não muito o jovem do sul (que sofre a influência do sertanejo) mas ainda sim presente. Enfim, não me agradou o estilo.
Sobre os artistas que estão na mídia, gostaria de falar uma coisa: muitos deles cantam verdadeiras barbaridades, ganham dinheiro com isso e depois ajudam suas comunidades a se livrar do que eles fazem apologia. Tudo bem, é bacana. Só que artista de verdade tem que ajudar a sociedade com o que faz de melhor: cultura (e não com dinheiro). Não adianta você falar um monte de merda, chegar lá na favela, fazer programas contra as drogas tá tudo bem. Aí é Pão e Circo!

- Melhor música:
SOM DE PRETO - Amilcka e Chocolate

Fato primordial: para ser um funk bom, tem que ter batida boa. Junte um refrão chiclete. Também ajuda se tiver uma letra que passe de 4 frases.
Pois bem a música não só sobra nesses quesitos, como também apresenta, de forma inteligente e porque não, divertida, a realidade de um favelado e seu estilo musical. Além de ser um sucesso do povão, Som de Preto é uma música que apresenta à sociedade o iceberg do qual a ponta eles tem acesso. Além do mais, a música é altamente compatível com o meu Paradoxo 15. Na minha opinião, a melhor música do estilo. Merece vídeo:


- Pior música:
BEBIDA QUE PISCA - Gaiola das Popozudas

Não sei por onde começar. Ahh, já sei sim: Antes que os fan-boys venham a me detonar (como se diria em Portugal) não estou julgando o artista e sim a música. E o que acontece é o seguinte: A música tem uma batida de doer os neurônios, uma letra de fazer inveja à algum poema de um analfabeto escrevendo em coreano, somado à um cavaquinho vagabundo tirado de algum programa de computador (mal mixado ainda por cima) de R$ 0,25 e feito tudo nas coxas em 3 minutos. Me desculpem, mas isso é puro lixo. Nem pra encher CD. Merece link:
Perca neurônios grátis AQUI

Artistas que eu ouvi esse mês

Spoiler:

Taí, Infernosword foi aprovado na disciplina de funk contemporâneo xD
Qual será o próximo estilo? Sertanejo "universitário"?

É sertanejo ou pagode, não sei ainda bem. Que achou da resenha?

Cara, excelente seu texto! Foi bem legal de se ler, e tem um conteúdo excelente.

Sobre funk, devo admitir que não gosto. Como você mesmo disse, é algo comum de se ver em programas de TV atualmente, mas por mais chiclete que as músicas sejam, elas não me agradam.

Enfim, gostei muito de acompanhar a sua análise.

PS: Eu não sabia que Claudinho e Buchecha eram funkeiros.

Nesse caso, talvez eles se safam, já que não considero as músicas deles como horríveis.

Obrigado, Ale. Espero que o pessoal fora do fórum também leia e entenda as críticas que eu fiz aqui. Quanto ao Claudinho e Buchecha, depende um pouco do contexto, mas eles foram, pelo menos influência para o Melody Funk. Pode ver que as músicas deles soam muito com o que se tornou esse estilo. Mas eles foram pop também. É meio complicado esse negócio de rótulo, mas eles vieram de favela e viveram essa realidade.

Achei interessante esse lance deles ganharem dinheiro pra ajudarem suas comunidades, não sabia disso, pensei que gastavam tudo com carrão, ficavam bombadinhos e compravam jóias extravagantes. Mas interessante também é o comentário feito logo após a informação, de que eles realmente podiam enriquecer a comunidade deles não só com coisas materiais, mas com cultura também.

O Mr Catra que eu saiba só ajuda ele mesmo e mais ninguém kkkkkkk

infernosword escreveu:É sertanejo ou pagode, não sei ainda bem. Que achou da resenha?

Achei a resenha muito boa, por mostrar a história do ritmo e também, por justificar as críticas. Criticar só por criticar é fácil, mas argumentar é para poucos.

Obrigado. Eu não queria que ficasse aquele negócio "ahh eu odeio funk porque eu gosto de Slipknot" , entendeu? Só que seria mais interessante ainda ter o feedback de alguém que curte funk.

Eu também não gosto de funk carioca, mas aprecio isso que o inf fez...
e acho que o Funk carioca é um estilo que se perdeu, as musicas mais antigs até que eram boas, mas 99% atuais realmente são um lixo


só tem duas musicas que eu gosto de funk carioca, que são essas abaixo (que são antigas):







e também gosto de umas bem antigas do Furacão 2000:




e como não podia faltar a Don't Stop The Rock, versão Furacão 2000:




PS: eu sempre falo Funk carioca, porque tem muita diferença entre ele e o Funk internacional, como James Brown por exemplo

o rap do silva e bonito ate...

Eu lembro do cara jogando GTA tropa de elite com o super cj escutando essa musica xD


De resto pra mim e tudo ruim xD

vibastos escreveu:Eu lembro do cara jogando GTA tropa de elite com o super cj escutando essa musica xD

sim, eu também escutei jogando o GTA Rio de Janeiro, ah esses mods

Galera, acabei de adicionar uma enquete para que você escolham qual será o próximo tema! Temos três opções

( ) Assistir a Triologia Crepúsculo e "resenhá-lá"
( ) Falar sobre Rock Gospel
( ) Falar sobre Happy Rock/bandas Coloridas

Vocës escolhem, a enquete termina nesse fim de semana.

Eu votaria na primeira ou na terceira opção apenas por zoeira. Mas, quero ver como vai ser um texto do Infernosword falando sobre rock gospel.

Eder escreveu:Eu votaria na primeira ou na terceira opção apenas por zoeira. Mas, quero ver como vai ser um texto do Infernosword falando sobre rock gospel.

Meu Deus! Literalmente...

Crepusculo!! kkkk

Wow inf, que texto esplêndido!!
Fora o texto ser ótimo, ele tem de fato conteudo! Já que você se "sacrificou" ouvindo as musicas para poder fazer o texto! Sou teu fã cara!

Muito obrigado galera, não esqueçam de deixar o seu voto! Pelo que eu to vendo aqui, o tema que está na frente é o Gospel, que dos três é o que eu menos sei e vai ser meio complicado, mas vamos em frente! Só lembrando que Sexta (24) eu encerro a votação e começo a trabalhar no novo tema.

@LH Ahh sei lá, não foi tanto sacrifício ver umas bunda pelada, umas musiquinhas mais ou menos, etc, com exceção é claro da "Bebida que Pisca" que superou os poderes do Super Saiyajin normal e do mais forte. Eu queria que o Regis Tadeu falasse sobre essa melodia

A bunda pelada nem levo em consideração. É só por no google "Pornô" e já é.
Agora as musicas... Pra mim seria um tormento LOL '

Vo PornoFunk aqui

entendeu? Por no funk

haahahahahahahahahaahhahhahahahahahahah okay

ASIUHDISAUHDISAUHDSIAUHDIASUH

kkkkkkk

Galera o próximo assunto será Gospelcore

Valeu galera.

Gospelcore xD
Lembro que, quando eu estava no Ensino Médio, tinha um pessoal que ouvia Oficina G3. Se não me engano, é uma banda de rock que fala sobre religião.

É sim, inclusive a musica 'O Tempo' é até "ouvível"
E meus proprios meios é legalzinho também XD

GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE, GREY GROOSE,