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Como tudo começou

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Mensagem por Willi Sáb Out 01, 2016 2:27 am

O ano era 2008. Eu estava na sexta série do ensino fundamental, com 11 anos de idade. Até então, o computador da casa era apenas uma plataforma para eu escrever meus textos no Word e jogar alguns joguinhos que o pessoal da informática instalava para nós. Minha maior obsessão da época era Naruto, que há um ano eu acompanhava pelo SBT (o anime já se encontrava em reprises contínuas, sempre que o Jiraiya aparecia, voltava pro primeiro episódio). Na época, eu ia na casa de amigos que tinham internet, pra procurarmos papéis de parede de Naruto. O Shippuden já tinha começado no Japão, então vez por outra aquelas artes nos tacavam algum spoiler, como a forma adulta dos personagens, por exemplo. Nessa época, nós baixávamos os wallpapers e eu GRAVAVA eles em CD para levar para casa, copiar pro meu computador e personalizá-lo com a cara do anime. É por isso que até hoje eu coloco wallpaper de qualquer coisa no meu PC, MENOS de Naruto, porque qualquer um que tenha na internet, tenham certeza de que eu já usei e já enjoei lol!

Eis que o pai contratou um plano de internet, e então passamos a ter internet lá em casa. Não demorou muito para eu conhecer o YouTube, no tempo da saudosa barrinha cinza que não desaparecia, e nele, procurar vídeos de Naruto. "Fulano Vs Ciclano", infinitas combinações, e o Youtube me dava cenas, trechos, AMVs, coisas lá da frente, que eu nem sonhava que aconteceriam. Estava tão indignado com as reprises do SBT, que ver todos aqueles trechos inéditos me maravilhava, mesmo sem entender o contexto da história que estava se passando naquele momento. Tudo era interessante. Eis que um amigo do meu pai (repito, amigo do pai, da idade do pai), que também era fanático por Naruto, me emprestou uma cópia dos DVDs que ele tinha com todos os episódios do clássico e o Shippuden até o 49. Com a internet aqui em casa, ele baixou e instalou para mim o K-Lite Mega Codec Pack, que permitia que eu assistisse aos episódios, em RMVB, com 45 MB de tamanho cada. Era lindo na época!

Mas a história que eu vou contar pra vocês não é sobre Naruto. Eu apenas quis introduzí-los no contexto daquela época. O download era de 10 KB/s. Não existia o Point. Eu nem sequer conhecia os emuladores (sabia que existiam, mas não sabia como funcionavam, e tinha saudades do Genecyst Frontend que tivera em meu Windows 98 uns 7 anos antes, que eu não tratava como emulador, mas como uma grande biblioteca de jogos, os "390 Jogos", como estava nomeado o seu atalho). Não conhecia o Smash Club. Ainda não tinha um gosto musical definido, mas comecei a baixar algumas coisas pelo Ares. E alguns arquivos, como o mp3 de No Where Fast, do grupo Fire Inc, estão comigo até hoje. Gostava muito de Sonic, conhecia o site Power Sonic e por lá baixei as versões rip de Sonic Adventure DX e Heroes, o primeiro tinha a música da Windy Valley o jogo todo (me acostumei TANTO que hoje jogar o jogo com toda a trilha sonora correta parece errado) e o segundo tinha todas as músicas, mas tocavam apenas uma vez e então a fase ficava sem música. Uns 800 MB cada, quase dois dias para baixar cada um. Era tudo lindo, maravilhoso. Mas nem o Sonic em 3D, nem o Naruto "inédito com voz japonês" que eu havia conseguido, me impressionaram TANTO como o que vou lhes mostrar agora.

Mídia da época: DVD. Era de ouro do DVD. Era do "3 por 10", do "se der defeito pode vir trocar". Tinha tudo em DVD. Não se fazia download de nada, streaming nem passava pela nossa cabeça, simplesmente porque tinha TUDO em DVD. Filmes, desenhos, clipes, tudo. Eis que um dia o pai me chega em casa com um negócio chamado "86 clips", e o Crazy Frog na capa. Falou que era pra mim. Fiquei muito contente. Aquele DVD continha vários clipes animados, desde músicas como o próprio Crazy Frog, até vídeos de trechos de filmes animados com uma música aleatória por cima. Lembro de vários: o trailer de Dragon Ball Z Budokai Tenkaichi com a versão eletro de "Livin on a Prayer", três músicas do Crazy Frog (o tema dele, mais a Pop Corn Remix, mais outra que não me recordo direito), um trecho do filme "Noiva Cadáver" com a música do Piruleipe "Treme a Tabaca", várias charges animadas do Maurício Ricardo, o clip do rapper animado "Dogão", nossa, tinha muita coisa. Muita coisa mesmo. Eu assisti tanto aquele DVD que chegou de gastar, cheguei a decorar a ordem dos clipes. Mas o meu preferido era um mais épico. O mais épico de todos. Era aquele que eu nunca pulava.

Começava com uma música do Charlie Brown Jr, e uma menina linda lutando contra um cara de cabelo branco numa igreja. Eles detonavam a igreja toda. Depois, a cena passava para uma cidade cinzenta e tocava uma série de músicas d'O Rappa (banda que conheci nesse clipe, e é uma das minhas favoritas até hoje por causa das músicas desse clipe), onde um grupo de heróis combatia um monstro gigante, com movimentos acrobáticos, poderes especiais, saltos fenomenais, e um carisma tão alto que mesmo com a cena tendo apenas a música como som, mesmo não dando para ouvir os efeitos sonoros da luta ou as falas dos personagens, dava pra sentir o carisma deles. É claro que eu não estou falando de outra coisa, senão disso aqui:










E eu não fazia ideia do que era isso, só tinha certeza que era a coisa mais linda, bem feita e emocionante que eu já tinha visto na vida.

Meu carinho por Rei Leão, Aladdin e Tarzão nunca diminuiu. Gosto tanto desses filmes hoje como gostava quando era criança. Agora, o que vi nesse clipe aqui foi surreal. Outro nível. Acho que muitas das minhas paixões que levo comigo até hoje, vieram de ficar assistindo a esse clipe. Minha preferência por dias cinzentos com neblina, minha paixão por ver saltos enormes e lutas acrobáticas no ar, meu arrepio com qualquer imagem panorâmica de cidades vistas de cima (que SEMPRE me lembram a cidade do clipe), meu gosto pelo O Rappa, a sensação de liberdade e tranquilidade incomparável que sinto no entardecer de uma sexta-feira... MUITA COISA, vem desse clipe.

Mas o que era aquilo? Não tinha um nome, não tinha uma referência, não tinha nada. Era um filme? Uma série animada, quem sabe? Do que adiantava a minha internet se eu não tinha como pesquisar o que era aquilo? Mostrei pra vários dos meus amigos, todo mundo se impressionava, mas ninguém sabia dizer a procedência de tamanha cena.

Mas Deus escreve certo por linhas tortas.

Mesmo o meu videogame da época ser um Super Nintendo, e eu só usar o computador para jogar Sonic Adventure e Heroes, por algum motivo, um tempo depois, eu comprei uma revista de games. E ela nem vinha com CD junto, eu apenas me interessei pelo que vi na capa e comprei. Anuário Games 2007 era o nome. Ela compilava os maiores lançamentos do ano anterior.

A cada página virada, eu me impressionava mais. Nessa época, eu carregava muita revolta dos jogos modernos. Fui assim até 2009-2010 quando comecei com o Point, que era um blog só de retrogames. A gurizada jogava CS e GTA direto nas Lan Houses, e zombavam de mim por eu preferir Super Nintendo e Mario. Zuavam tanto que eu peguei raiva desses jogos (até hoje não posso nem ver Counter Strike na minha frente, e GTA eu só fui jogar sério o 5). Mas ao olhar essa revista, vi que os jogos modernos não eram só CS e GTA. Não eram só "violência que não ensina nada", como eu mesmo no auge de meus 11 anos falava. Tinha muita coisa bonita e interessante ali. De outro mundo. Cada página eu soltava um "uaaah" de impressionado. Mesmo não tendo os consoles da época para jogar aqueles games, só olhar a revista já me bastava. E conforme fui lendo, avançando, cheguei nessa página:

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"Não! Não é possível! Achei! Eu encontrei!" o choque foi tão grande que eu precisei reler umas 4 ou 5 vezes o que estava escrito ali pra entender que esse jogo era continuação de um filme (do qual o clipe tinha saído) que por sua vez era continuação de um outro jogo. Eu nem entendia o que era Final Fantasy na época, nem sabia que o primeiro era de PS1 e nem sonhava em emular PS1, eu só sabia que tinha enfim descoberto o nome do filme do clipe! E agora eu queria assistir ao filme!

E encontrar o dito filme...

Reforçando o contexto histórico da época: DVD era a mídia do momento, tudo se encontrava em DVD, por isso não se baixava nada.

Quer dizer, encontrava-se tudo, MENOS o filme do Willi...

E eu procurei. Mas eu procurei. Fui em todos os vendedores da cidade. Ninguém tinha o filme. Ninguém se quer tinha ouvido falar do filme. Tentei pedir para encomendarem, ninguém conseguia. Na locadora da cidade, nada também. Pedi para encomendar e também não achavam. Fiquei quase um ano tentando achar o dito filme, mas sem sucesso.

Então decidi procurar pelo filme na internet. No YouTube não estaria, afinal YouTube era site de "videozinho" na época, não de "coisa grande". Fui ao Google, e no surf de links, caí num site laranjado com propaganda da UOL na barra superior. O site apresentava um slideshow com 71 fotos do filme.

Pra quê. Só pra deixar o menino Willi ainda mais ansioso. Agora eu já conhecia o clipe e 71 cenas estáticas do filme. Precisava assistir. Decidi procurar para baixar. Ia baixar um filme pela primeira vez em minha vida. Trivial e até banal hoje, mas uma verdadeira odisseia na época.

Procurei, procurei, e achei no RapidShare, dividido em 3 partes. Juntas, pesavam mais que os jogos do Sonic. Dois dias depois, estava pronto. Extraí. Gravei. Aprendi a gravar filmes nessa ocasião também. Finalmente, a obra imaculada estava em minhas mãos, era só assistir. Imaginem a alegria do garoto. Foi na saudosa tubão 13 polegadas que pude, finalmente, assistir Final Fantasy VII Advent Children. E foi a coisa mais bonita que eu já vi em toda a minha vida.

...

Tá certo que eu não entendi nada de Jenova, de Geostigma, pra falar a verdade eu não estava ligando muito pra isso. Era o filme que eu queria tanto ver, tanto entender do que se tratava, tanto descobrir... que esses detalhes até deixei passar batido. Um tempo depois assisti de novo, já mais calmo e menos eufórico, e me dei conta de que não tinha entendido quase nada da história, mas mesmo assim, continuava tagarelando que era o melhor filme que eu já havia visto na vida.

Avançando alguns anos.

Internet melhor > assisti Naruto até ficar sempre na margem de uns 30 episódios atrás dos lançamentos > gosto musical definido > emuladores desvendados > Point Games Brasil > vocês > Alexandre comprou um PlayStation 2 > comprei um também > Ratchet & Clank > Devil May Cry > febre do PS3 > 2013. Fui estudar com um guri que é um grande amigo meu até hoje, que conhecia Final Fantasy (os jogos) e que quando comentei do filme, me indicou a jogar o jogo base.

Sim, o de PS1.

Minha alegria com o filme era tanta, que eu até havia esquecido de ir atrás de jogar os jogos nos quais ele era baseado (o "jogo original" nunca mais tinha passado pela minha cabeça, e o Dirge of Cerberus da revista eu também não tinha ido atrás). E daí eu fui olhar screenshots no Google.

Não, eu nem baixei.

Gente, não.

Aquele filme, saiu...

...daquele jogo!? pale

Sem condições. Não tinha graça nem em assistir gameplays. Muita monotonia. Eu assisti uma batalha que botou Dragon Ball na parede e chamou de lagartixa, não ia jogar um jogo de xadrez com aqueles personagens. Sem chance.

2014. Baixei aquela nova versão do filme, Final Fantasy VII Advent Children Complete. Mais de duas horas de delícia. Uns 5GB de tamanho. Desta vez, me "preparei" para assistir ao filme. Achei um resumo na internet com todo o grosso do enredo do jogo do PS1. Nada muito detalhado, mas explicava o principal. Quatro horas lendo. Sim, é só o principal. Segundo o autor do resumo, se fosse escrever toda a história de FFVII, daria uns dez livros. Lembro de estarmos viajando quando fiz isso, salvei a página do resumo no cachê do Chrome pela manhã e vim lendo no carro durante toda a tarde, na telinha de 3.5 polegadas do falecido Motorola Razr D1. Ao chegar em casa à noite, fui assistir. É lógico que, em dia de chegar de viagem, eu peguei no sono, então retomei e terminei o filme no dia seguinte. Desta vez, eu tinha entendido perfeitamente a história, pois agora sabia seu contexto, quem era quem, etc.

E daí nasceu o paradoxo. O fã de Final Fantasy que nunca jogou nada da série. O filme Advent Children é a coisa que mais gostei de assistir na vida, referência pra mim em diversos aspectos, mas o joguete de turnos, sem chance.

E aí me anunciam o Remake na E3. Com jogabilidade hack'n slash.

A última vez que eu tinha ficado tão feliz com algo, foi quando tinha descoberto, na revista de games, o nome do filme cujo clipe eu tanto amava. E agora esse filme, aquela experiência, aquela lá do filme, não o joguinho de xadrez de turno, mas aqueles pulos e saltos e golpes e aquela Midgar gigantesca, aquilo lá vai virar jogo.

E eu quero controlar cada um deles, dando o impulso pro Cloud alcançar o Bahamut lá no alto do céu. E eu vou soltar um Rappa no som naquela hora. Porque aquela cena é a coisa mais emocionante que eu já vi na vida.
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Mensagem por infernosword Dom Out 02, 2016 5:13 am

Muito legal esse tópico "Willi: Origins". Devíamos nós todos fazermos os nossos também. E nomeá-lo "O melhor tópico do Mundo".
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Mensagem por Willi Dom Out 02, 2016 8:59 pm

Obrigado. Eu gostaria de ler textos similares de vocês.

Mas fica a pergunta: quem levanta às 05:13 no domingo, sr. Infernosword?
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Mensagem por infernosword Seg Out 03, 2016 8:33 am

Ninguém em sã consciência. É que me deu uma diarréia lascada, aí eu fiquei sentado no trono cagando e jogando xadrez no celular, lendo uns emails e alguma coisa do fórum.

É interessante que a Square sempre fez boas animações, os Final Fantasy todos sempre têm uma boa cinemática. O próprio estúdio de animações da Square já fez trabalhos como o Último voo de Osíris, do filme Animatrix, que ganhou prêmios e etc. Talvez você seja fã do estúdio de animações da Square e nem saiba xD
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Mensagem por Eder Seg Out 03, 2016 4:24 pm

Bate-papo escatológico em plena manhã de domingo xD

Falando em Square, filmes em CG e Final Fantasy, o filme de FF15, "Kingsglaive: Final Fantasy XV" já saiu, caso alguém se interesse.

Sim, é só isso mesmo. (Fim do post de utilidade pública.)
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Mensagem por Willi Seg Out 03, 2016 11:06 pm

Kkkkkkk, pior é acordar de madrugada pra cagar. No inverno.

Eu tinha interesse nesse filme, Eder! Mas a versão que baixei tem (BDrip) tem a imagem meio podre e som que parece mono. Vou esperar sair uma versão em melhor qualidade.
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Mensagem por infernosword Ter Out 04, 2016 12:31 am

É como a piazadinha da minha época falava: Tomo limonada pra cagar de madrugada!
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