Acompanhar notícias de games é algo "de nicho"?

Eu estou velho.

Ou isso, ou não estou frequentando os lugares certos aqui na Internet.

Cada vez mais, conforme o tempo passa, sinto que a Internet não é um lugar para todos. E não me refiro apenas aos conteúdos, mas o modus operandi da coisa toda parece se comportar e atender melhor uma faixa etária da qual eu já passei (ou nós já passamos).

Não quero me prolongar entrando em questões de algoritmo ou redes sociais (acho que nem a NASA explica como certas coisas bombam no Tik Tok), mas quero compartilhar com vocês algo que tenho visto e sentido ao acompanhar as notícias do mundo dos games.

Parece que algumas coisas bombam sem motivo algum. Quer dizer, tem alguns jogos por aí que não dá pra entender como ou por quê o pessoal está criando hype.

Vou citar os Assassin's Creed. Tenho vários amigos e conhecidos que são fãs da franquia e têm a minha idade. É unânime entre eles, que a franquia já está desgastada, merecia um hiato e só apresenta jogos genéricos. Entretanto, ao checar o feedback do público sobre os SEIS novos AC que a Ubisoft divulgou recentemente que está produzindo, 99% dos comentários são... positivos! O pessoal tá realmente empolgado.

Outro exemplo são os consoles de nova geração, que em 2 anos de mercado ainda não têm meia dúzia de exclusivos novos e interessantes, sendo que seu catálogo basicamente é composto de retrocompatibilidade e remakes. Por que as pessoas estão nesse frenesi para comprar os novos aparelhos se vão usá-los para jogar a mesma coisa dos aparelhos que já possuem?

Eu até entenderia uma porção de pessoas empolgadas, mas tanta gente desesperada comprando a ponto de deixar os consoles fora de estoque, ou então, pagando o dobro do valor para comprar de scalpers? Não faz sentido!!!!

Em suma, quando vejo o novo anúncio de algo, meio que já sei o que esperar e meio que "prevejo" a reação da galera. Mas tomo um choque ao acessar as áreas de comentários e ver que ninguém está criticando o que precisa ser criticado, ou pior, comprando (leia-se: "incentivando com dinheiro" a fabricação de) produtos sem o mínimo apelo.

Pior ainda é quando acesso enquetes ou discussões que tratam de vários jogos do momento - e há uma quantia absurda de pessoas conversando sobre jogos de 2022, com propriedade em seus argumentos. Mis amigos, de onde vocês tiram tanto tempo e grana pra jogar tudo isso? Eu mal consegui dar conta de Sekiro esse ano, e tô torcendo pro GOW Ragnarok caber no meu orçamento.

Todos aqui já passaram dos 20, jogam há bastante tempo e já criaram casca, então acho que vão entender bem do quê estou falando.

Me sinto absolutamente deslocado dessa indústria. Coisas óbvias não são ditas, noções básicas parecem distorcidas, o que causa hype nas pessoas não parece divertido pra mim, enfim.

Será que a galera que parou no N64 e PS1 sentiu a mesma coisa na época em que nós éramos jovens e ficávamos babando por cada coisa que saía pra PS3/360/Wii?

A vontade que eu tenho é de parar de ler e acompanhar esse tipo de conteúdo. Ficar quietinho aqui com meu console, em paz, jogando o que tenho na pilha, e beleza. Definitivamente, não me sinto parte da "comunidade" da arte pela qual sou apaixonado. É muito louco isso.

Uma coisa que eu percebi é que as comunidades estão se separando, tipo, o pessoal que gosta de sim racing fica no canto deles, o pessoal que gosta de battle royale em outro, não tem mais uma "interdisciplinaridade" entre o pessoal, acho que esse hype que a gente vê é o pessoal que realmente gosta, não necessariamente o publico geral.

Eu também já me empolguei bem mais com games. Lembro quando ia pra escola pensando em conseguir jogar o Super Smash Bros. Brawl e os jogos em HD, que na época do PS3 e 360 era uma grande novidade.

Sobre o Assassin's Creed, eu vejo na verdade pessoas criticando o fato de alguns deles serem RPGs. Os elogios que estão fazendo parecem ser porque o Mirage voltará às origens da franquia. Eu sei que tem muitos que não querem mais a série do jeito que estava nos últimos lançamentos.

Mas estou empolgado para alguns jogos Next-gen que não se tratam de Remakes. Sonic Frontiers, The Callisto Protocol, Alan Wake 2 (sniff... Finalmente...), Pragmata.... E tem remakes que ficaram excelentes como o Resident Evil 2 e o Final Fantasy VII Remake Intergrade. E parece que o Final Fantasy VII Rebirth pro PS5 vai ficar mais bonito ainda. Fora que o The Last of Us Part 1 vai ter versão para PC, espero poder jogar também.

Eu meio que acredito nessa história de que depois da metade da casa dos 20 anos, perto dos 30, a gente perde um pouco de empolgação por certas coisas. Parece fazer parte do desenvolvimento da pessoa. Como eu disse, talvez aconteceu comigo, pois não tenho o mesmo Hype que eu tinha na casa dos 16-18 anos. Hoje se vejo um jogo que eu quero jogar, eu me empolgo, mas não fico com toda aquela chama de querer tê-lo à todo custo como eu queria aqueles de Wii.

Agora, falando das notícias, eu praticamente só acompanho o VG Chartz. Eles são bons, mas talvez esse negócio de sites de notícias gamers estejam aos poucos sendo destruídos pelo Youtube. E eu não vejo matérias no Youtube porque esse pessoal que fatura com vídeos costuma fazer um trabalho bem inferior do que aqueles que dedicavam seu tempo a escrever, colocar links, screenshots, e manusear comentários. Eu tenho muita vontade de voltar com o Smash Club, mas quem vai ler?

Vibastos escreveu:Uma coisa que eu percebi é que as comunidades estão se separando, tipo, o pessoal que gosta de sim racing fica no canto deles, o pessoal que gosta de battle royale em outro, não tem mais uma "interdisciplinaridade" entre o pessoal, acho que esse hype que a gente vê é o pessoal que realmente gosta, não necessariamente o publico geral.

Ponto de vista muito lúcido, eu não tinha parado pra pensar nisso.

Videogames, assim como filmes de super-heróis, estão abrangendo um público maior de uns anos pra cá. Isso afeta a forma como os produtos são feitos e também cria novos públicos.

Se antes, videogames só eram jogados por "quem joga videogame" (com o perdão da redundância) você tinha um gamer que jogava de tudo, e que podia gostar ou não de Gran Turismo. Hoje, você tem o cara que só joga Gran Turismo, e a partir dele busca conhecer Project Cars, Assetto Corza e por aí vai. É meio que um "efeito FIFA" nas franquias clássicas.

E nessa lógica, existe a galera que vai comemorar um novo Assassin's Creed. Faz sentido.

Alexandre escreveu:Sobre o Assassin's Creed, eu vejo na verdade pessoas criticando o fato de alguns deles serem RPGs. Os elogios que estão fazendo parecem ser porque o Mirage voltará às origens da franquia. Eu sei que tem muitos que não querem mais a série do jeito que estava nos últimos lançamentos.

Exato, AC acaba sendo um exemplo disso. Os RPG trouxeram novos fãs à franquia, mas quem a acompanha desde o início sabe que tem muito pouco de AC ali. A Ubi poderia ter criado uma nova franquia se quisesse.

Alexandre escreveu:Mas estou empolgado para alguns jogos Next-gen que não se tratam de Remakes. Sonic Frontiers, The Callisto Protocol, Alan Wake 2 (sniff... Finalmente...), Pragmata.... E tem remakes que ficaram excelentes como o Resident Evil 2 e o Final Fantasy VII Remake Intergrade. E parece que o Final Fantasy VII Rebirth pro PS5 vai ficar mais bonito ainda. Fora que o The Last of Us Part 1 vai ter versão para PC, espero poder jogar também.

No meu caso, de "novidade", estão no meu radar o GoW Ragnarok e o Sonic Frontiers, que consigo jogar no PS4.

Para a nova geração, teria o Forspoken, que eu achei lindo naquele primeiro gameplay sem HUD, mas assustadoramente genérico no gameplay mais recente que saiu; e o Project Eve, que também teve um primeiro gameplay sensacional, mas não teve nenhuma nova notícia desde então. Teria ainda o Ratchet & Clank Rift Apart, que já foi lançado, e o Spider-Man 2, que foi anunciado. Mas esses dois últimos, sozinhos, não são suficientes para me fazer querer ter um PS5.

A grande vantagem do PC é você não ficar preso a "gerações". Se a máquina der conta, você joga. No meu caso, boa parte do "pack" de novos jogos fica preso ao novo aparelho.

Alexandre escreveu:Eu meio que acredito nessa história de que depois da metade da casa dos 20 anos, perto dos 30, a gente perde um pouco de empolgação por certas coisas. Parece fazer parte do desenvolvimento da pessoa. Como eu disse, talvez aconteceu comigo, pois não tenho o mesmo Hype que eu tinha na casa dos 16-18 anos. Hoje se vejo um jogo que eu quero jogar, eu me empolgo, mas não fico com toda aquela chama de querer tê-lo à todo custo como eu queria aqueles de Wii.

Exatamente! Comigo é a mesma coisa. Eu sou tão contra essa história dos 20~30 anos, mas parece não haver como lutar contra isso.

Alexandre escreveu:Agora, falando das notícias, eu praticamente só acompanho o VG Chartz. Eles são bons, mas talvez esse negócio de sites de notícias gamers estejam aos poucos sendo destruídos pelo Youtube. E eu não vejo matérias no Youtube porque esse pessoal que fatura com vídeos costuma fazer um trabalho bem inferior do que aqueles que dedicavam seu tempo a escrever, colocar links, screenshots, e manusear comentários. Eu tenho muita vontade de voltar com o Smash Club, mas quem vai ler?

Isso é uma realidade. A "blogosfera" como a conhecíamos está morta. Não só pelo fato de os leitores terem desaparecido, mas muitos "blogueiros" sumiram também, o que foi esfriando a coisa como um todo. Eu confesso que, quando quero saber de algo, uso o Youtube de Google. Fica realmente complicado competir com um processo tão automático das pessoas, quando o conteúdo que sabemos fazer (texto) é "menos prazeroso" de consumir do que um vídeo.

Eu me pergunto se dá pra lutar contra essa perda de empolgação que chega nessa idade.

Às vezes eu tenho uns "surtos" de ânimo para fazer as coisas. Eu percebo que se você ficar lembrando da época em que era mais jovem, e que tinha mais ânimo, você percebe alguns "fatores" que te deixavam se sentindo mais animado.

No meu caso, como gamer, esse "fator" era que eu não tinha acesso à quase nada de videogame na época. Só meu PC que tinha 64 MB de vídeo e não rodava quase nada. Então eu era bem limitado, e ficava "namorando" aqueles jogos em HD. Toda vez que eu via um novo Super Mario de Wii, começava a fazer hype.

Hoje em dia o meu PC roda muita coisa, então quando eu vejo um jogo que eu não consigo rodar, eu penso: "Ah, então eu vou para outro, um dia eu jogo", e acabo deixando de lado.

Agora eu estou super empolgado para o Code Rain, que vai sair no ano que vem. Se eu tivesse ainda todo aquele limite de ficar só no emulador de SNES, e no máximo jogos de PS1, talvez eu estaria muito mais hypado.

Acho que essa parada de você ter acesso à "tudo" quando bem quiser acaba tirando boa parte da magia de "um dia eu vou conseguir..." É, acho que sim, porque quando eu queria Wii à todo custo, eu não tinha outras coisas, outros jogos. Só emuladores. Agora que meu PC roda Wii tranquilo, eu me dou ao "luxo" de jogar só quando não tenho nada importante pra fazer.

Hum... Acho que escrever esse texto me deu alguma luz sobre isso...

Faz muito sentido o que você disse. Dá pra acrescentar na equação as expressões "backlog" ou "pilha da vergonha", que se tornaram bem populares no últimos anos.

A gente reclama que os jogos estão caros, e de fato estão caros sim. Mas sempre tem promoção, jogo de graça, game pass/ps plus, essas coisas nos "dão" muitos jogos. Acaba que a gente nem consegue jogar tudo, olha para aquela infinidade de opções "nos esperando" e pensa: "preciso terminar esse pra começar aquele e depois aquele outro". Quase como um trabalho.

Tem que cuidar para essa sensação de "trabalho" não corromper a diversão, senão a gente fica desanimado mesmo.