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Aí deu vontade de escrever... (escrita livre)

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Mensagem por infernosword Sex Set 23, 2016 5:17 pm

Eu estava pensando, como a internet é tão cheia e tão vazia de conteúdo ao mesmo tempo? Quer dizer, se você escava a merda superficial que encapa toda a web, como o Facebook (eu não me arrisco), os comentários monossilábicos como "né", as bobagens repetidas e repetitivas e o show de falsidade de uma vida falsificada, você encontra alguma coisa que valha a pena? Se trata de desbravar ou deixar a search engine nos guiar? Ou talvez os dois, um pouco de cada?

Isso também me faz refletir se o mais obsceno, grotesco e horrendo da rede está mesmo na Deep Web? Aliás, como éramos (somos) bobos em relação a esse assunto. Aquilo é a crackolândia da web, o lixo, o submundo e o inferno. Não há nada que queremos lá. E mesmo assim, alguns ainda insistem. Insistimos? Nós mesmos já tivemos um "tópico da Deep Web" aqui. Parando pra pensar, acredito que o melhor momento dele foi quando foi fechado pra sempre.

Mas, o pior está mesmo na Deep Web? I don't think so.
Já me torturei um pouco pensando em como poderia ser mais útil na minha vida, para eu mesmo e para as pessoas a minha volta, mas é com grande preocupação que eu sinto que, se comparado com muito do que me cerca, estou anos luz distante da maioria. E o motivo disso é que o nível é baixo. Como é baixo...

Eu me permito falar sobre quase tudo, não com a propriedade de um monge, de um sábio, mas com a propriedade de alguém que vive, aprende e observa. Dane-se eu estiver errado! Contudo, o que mais eu vejo é um funil social que formata todos vindo em nossa direção e, apesar de saber que sobrevivo nesse meio, muitos não sobrevivem. Me preocupa um pouco.

Agora a moçada vai pro ensino médio sem saber nada, não vai ter aula de nada e vai sair de lá em um nada. Temos que formatar e embalar seres humanos assim? É pra caber mais no planeta ou pra morrerem mais cedo e darem espaço para outros igualmente insignificantes? Ou pra ficarem na porra da fila da agência do trabalhador?

Eu me considero um privilegiado se tratando de cultura: cursei escolas particulares a minha vida toda, começando no fundamental, onde estudava em uma escola de período integral e que possuía uma grade de matérias que sobrepassavam em muito o senso comum. Coisas como Religião, Prática Esportiva (além de Ed. Física, tinha Prática Esportiva), Canto, Música e Etiqueta. Era puxado, das 08:15 as 16:30. Depois um Ensino Médio voltado totalmente ao vestibular numa das melhores escolas da cidade, que me permitiu ingressar num curso concorrido (na época o terceiro mais concorrido do ano) de uma universidade estadual com 17 anos de idade. Também tive uma oportunidade de morar e estudar fora do país.

Já pratiquei competitivamente inúmeras modalidades do atletismo, além de judô, xadrez e dos já batidos esportes com bola como futebol, vôlei e basquete. Já participei de desfiles de fanfarra e banda marcial, de show de talentos e apresentações de teatro. Já pintei um quadro. Implementei um algoritmo de eliminação gaussiana em meu primeiro emprego. Já ganhei zero em redação que, de tão boa, fez a professora pensar que eu copiei de uma revista. Sei resolver o cubo mágico. Ando descalço o dia inteiro. Conheço o Cone Sul, partes da Europa e já estive em todas as regiões do Brasil. Sei conversar com as pessoas sem olhar para o celular.

Essa regurgitação de títulos tem um porquê: Não deveriam ser títulos. E não são.
É que, tendo em vista o nível baixo (e não tenho outra expressão pra isso) que nos encontramos (culturalmente, socialmente e politicamente), parece que, numa simples olhada para o passado como essa me faz parecer que sou a reincarnação do Buda, o Lama Dorja arrogante ou sei lá o que. Bobagem.

Cara, todo mundo deveria saber dessas coisas, ou todas elas, ou muito mais! Elas fazem parte do mundo real, da experiência de vida. Não são fotos de almoço ou de bodybuilding postados no Intagram, mas coisas que podem realmente maravilhar uma pessoa. Vivência é maravilhar os outros e ser maravilhado. São armas tão comuns de onde venho, mas cara, eu vejo, eu sinto e eu percebo que estamos entrando num buraco fundo. A juventude está ferrada. O papo de gerações, novamente?

Penso que a minha geração é a última que sabe se virar sem se ferrar tanto, seja qual for a circunstância. Até em guerra, eu acredito. Nós somos um pouquinho mais polivalentes, mais arrojados e mais fora da casinha. Pode ser um preconceito meu, mas já me falaram isso e não foi a primeira vez. Eu vejo muita gente focada e isso é muito bom (eu mesmo sou uma pessoa que custa ter foco em algo), mas vejo muita gente formatada, ou como eu costumo dizer, "deformatada".

Ou eu estou errado e tudo isso sempre existiu e a internet só é o bueiro entupido, o propulsor da merda social que não era aparente nos tempos passados. Nesse caso, eu tenho certeza que a culpa não é da Deep Web.
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Aí deu vontade de escrever... (escrita livre) Empty Re: Aí deu vontade de escrever... (escrita livre)

Mensagem por Willi Ter Set 27, 2016 8:18 pm

Eu não poderia ter escrito uma vírgula melhor de tudo que foi dito aqui. Aplaudindo o texto com louvor.

Aliás, atenção especial a essa frase:
Já me torturei um pouco pensando em como poderia ser mais útil na minha vida, para eu mesmo e para as pessoas a minha volta, mas é com grande preocupação que eu sinto que, se comparado com muito do que me cerca, estou anos luz distante da maioria. E o motivo disso é que o nível é baixo. Como é baixo...
Me caiu como uma luva isso. Às vezes eu me sinto mal, principalmente quando não consigo escrever um texto ou empaco nele (como agora, tinha um artigo que ensaiei pra fazer no Point e nos esboços estava perfeito, sentei pra escrever e nada funcionou...) mas aí penso que eu tentei, e isso já é superior à maioria que não consegue atingir sequer as 30 linhas da escola. Mas não é suficiente, eu preciso terminar! Estou baixo! Mas pera, só o rascunho que fiz é superior a 90% do resto das pessoas. Estou muito bem! Shit, que paradoxo!

E esse texto está tão completo que não sei como posso acrescentar algo. Eu não tive a mesma bagagem cultural, porém, sou privilegiado por ter em casa duas pessoas com um lado psicológico anos luz avançado do que a maioria das pessoas. Reflexões sobre opiniões, posicionamentos e comportamentos são frequentes aqui em casa, e isso me ajuda muito não só a entender a opinião alheia, mas a entender o porquê daquela pessoa ter aquela opinião. Nem sempre dou razão, fato, pois tenho a minha e não tenho obrigação de concordar. MAS, entendo aquele ponto de vista.

É uma era totalmente paradoxal. As pessoas nunca tiveram tão desconectadas entre si. Interagir [apenas] pessoalmente é difícil. E são mudanças que surgem naturalmente, o primeiro smartphone surgiu naturalmente e essa onda atual também veio naturalmente, não vejo onde um "e se..." poderia mudar o rumo e "travar" a galera à máxima do notebook, para que a era "conectada" da atualidade não tivesse ganhado vida. Parece que a regressão é algo natural. Ou a evolução em direção a um fim podre é algo natural. Fadados ao fim?

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Aí deu vontade de escrever... (escrita livre) Empty Re: Aí deu vontade de escrever... (escrita livre)

Mensagem por infernosword Qua Set 28, 2016 12:55 am

Você tem uma bagagem cultural diferente da minha e isso é o que faz você ser você. Além disso, todo mundo tem traços de personalidade que não se adquirem em livro algum. Se você souber valorizar e tirar o bom da sua história (e o mal também, por que não?) já vai estar na frente de muita gente, que não sabe de onde veio e nem para onde vai. E na boa, nem se preocupe muito com isso.

Essa semana eu vi uma cena muito bizarra aqui onde eu moro, que não vale um texto novo, mas vale um relato, acredito. Os personagens da cena são D., um menino de 13, 14 anos que joga bola comigo de vez em quando e a Síndica, socialite local, loira madame, na adolescência dos seus trinta e tantos anos. E eu, voltando do mercado.
Acontece que o D. estava pegando uma menininha, até bem discretamente pelo que eu vi, num dos cantos sombrios do pátio do prédio. Não sei bem certo o que rolou, mas a leoa local veio em direção ao D. já em ponto de ebulição. Provavelmente imposição por parte da madame, acostumada a manter a ordem.
De longe eu percebi que o clima quebrou e que os dois elevaram a voz, num confronto até bem previsível, afinal eram a fêmea dominante e o jovem "esporrando no teto" disputando o poder. Do que eu pude perceber, agora um pouco mais próximo:
- ... aí, eu vou contar para a sua mãe!
- Vai tomar no teu c*!
- O que você disse? Você vai ver o teu...
Aí foi cada um para o seu canto, a mulher muito furiosa, balbuciando ditos de como foi desrespeitada e outras coisas mais.
Quase que no mesmo frame, os dois sacaram o celular e ficaram fazendo sei lá o que com os dispositivos, D. ainda encostado na mureta falando merda e a Síndica já à uma boa distância do conflito (indo resolver seus outros pepinos), ambos alteradíssimos.
A minha sacola pesou, não sei se de vergonha ou de semancol, e eu me prestei o bom serviço de me recolher e passar todo o caminho do elevador pensando em como a cena foi infantil. Por parte da dona moça, em querer forçar uma situação e por parte de D., por ser um piá de bosta mesmo. E em tudo terminar de forma tragicomica que é recorrer ao aparelho da Apple como lugar seguro. Ao chegar a essa conclusão, mandei um sorriso pra câmera, porque a simplicidade do porteiro o permite me entender.
Por isso eu repito galerita, nem se preocupem muito com isso xD
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